Enfermagem é promover saúde, é prevenir doenças, é recuperar a dignidade de cada indivíduo. Atravéz do conhecimento é que vamos garantir nosso espaço enquanto Enfermeiros e mostrar que somos parte uma equipe transdisciplinar, que atua vigorosamente no cuidado do indivíduo assistido. Espaço esse para soma e reflexões pertinentes à nossa profissão !
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segunda-feira, 1 de julho de 2013
Enfermagem é muito mais PROFISSIONAL!
quinta-feira, 30 de maio de 2013
CATETER DE SWAN GANZ
É um instrumento utilizado na determinação de alterações hemodinâmicas, através da medida de pressões na cavidade direita, tronca e artéria pulmonar, capilar pulmonar e mensuração do débito cardíaco pela Termodiluição.
Habitualmente,
usam-se as veias subclávias ou anticubitais.
É fabricado
em polivinil, tem 110 cm de comprimento e possui 3 lumens: balão na porção
distal, lúmen distal ( PAP) e lúmen proximal (30 cm antes da extremidade
distal, destinado à verificação da PVC,
obtenção de amostras de sangue venoso e injeção de soro gelado).
Ainda na porção
distal, está localizado o termistor, destinado à mensurar a temperatura da
sangue na artéria pulmonar, determinando, assim, o débito cardíaco por
termodiluição.
É um
procedimento médico, mas é atribuição da enfermagem, o preparo do paciente e do
material e auxilia-lo durante o procedimento, cuidados com o cateter e o local
da punção e realizar medidas da pressão.
Radiografia mostrando a localização do cateter.
Ø Indicações:
-
IAM complicados;
-
Falência do ventrículo esquerdo (choque cardiogênico);
-
Trans e pós-operatórios de cirurgia cardiovascular;
-
Tamponamento cardíaco;
-
Reposição volêmica em pacientes críticos;
-
Sepsis;
-
Insuficiência renal aguda.
Ø Materiais
básicos:
-
Cateter de Swan-Ganz, cabos transutores, domes,
aparelho para mensuração do Débito Cardíaco, monitor de 2 canais específico;
-
Instrumental Cirúrgico (caixa para pequena cirurgia,
flebotomia, etc.);
-
Paramentação médica (avental esterilizado, gorro e
máscara);
-
Luvas esterilizadas;
-
Campos esterilizados;
-
Seringas, agulhas e fios de sutura;
-
Torneirinhas.
Ø Complicações:
-
Pneumotórax / hemotórax;
-
Perfuração ou dissecção vascular;
-
Embolia gasosa;
-
Formação de nó no cateter;
-
Infarto pulmonar;
-
Embolia pulmonar;
-
Infecções.
Ø Cuidados
de Enfermagem
-
Oferecer apoio emocional ao paciente e orienta-lo sobre
o procedimento, afim de diminuir seu medo.
-
Preparar materiais e equipamentos para inserção do
cateter.
-
Manter material de reanimação cardiopulmonar, pronto
para o uso.
-
Auxiliar o médico durante a inserção do cateter.
-
Realizar cuidados especiais com o cateter e local de
punção.
-
Observação do local da punção: coloração, temperatura
local, sinais de infecção.
-
Não administrar medicação pelo cateter.
terça-feira, 28 de maio de 2013
ELETROCARDIOGRAMA
Consiste no registro gráfico dos impulsos elétricos do coração, que são
transmitidos para a superfície do corpo e que podem ser detectadas através de
eletrodos fixados nas extremidades.
Os aparelhos
de ECG (eletrocardiograma) padrão se compõem de 12 derivações separadas, sendo
6 precordiais e 6 periféricas. Para obtenção das derivações acrescenta-se um
eletrodo de sucção em seis diferentes posições sobre o tórax.
Pode-se,
ainda, conseguir outras derivações não consideradas padrão, colocando o
eletrodo em diversas regiões do corpo – por ex: V4R. Existem diversos tipos de
aparelhos, os mais comuns são de um canal, seguido pelo de três canais.
Tais
aparelhos podem ser com 5 cabos onde temos 4 para os membros e 1 cabo para as
derivações precordiais o qual vai sendo deslocados para se obter os seis
registros ou de 10 cabos, os quatro cabos para os membros e os 6 cabos, cada um
correspondente a uma derivação.
Ø Diagrama
do Sistema de Coagulação
- O ECG
é um registro do estímulo elétrico que origina a contração do músculo cardíaco.
Cada ciclo cardíaco se inicia com uma descarga partindo do nó sinusal ou nó
sino-atrial (1). O impulso ativador se propaga através do músculo de ambas as
aurículas gerando a sua contração e produzindo a onda P. Os impulsos chegam
junto ao nó atrioventricular (2), que é a única via de comunicação entre as
aurículas e os ventrículos. Aqui se produz um retardo durante um curto espaço
de tempo. Finalmente, o impulso ativador sai do nó atrioventricular e se
propaga pelo feixe de Hiss (3). Este se divide em ramo direito e esquerdo que
proporciona uma rápida propagação do impulso para todas as partes dos
ventrículos, originando neles uma contração sincronizada e originando o
complexo QRS. Após a fase de contração vem a fase de recuperação ventricular,
que é identificada pelas ondas T e às vezes U, esta última sem importância
clínica.
Ø As
ondas Eletrocardiográfica
- A atividade elétrica durante um ciclo cardíaco
é caracterizada por cinco deflexões distintas, as quais são designadas pelas
letras “P” , “Q” , “R” e “T” : estas letras foram arbitrariamente selecionadas
e não têm qualquer outro significado. O padrão elétrico de um ciclo normal pode
ser visto na figura abaixo.
Onda “P” – Representa a atividade elétrica associada com o impulso
inicial gerado no nódulo AS e a sua
passagem através dos átrios.
Intervalo
“PR” – Representa o período que vai do início da onda “P” até o começo do
complexo “QRS” e significa o tempo que o impulso original leva para atingir os
ventrículos, a partir da sua origem no nódulo AS.
Complexo “QRS” – A ativação dos ventrículos produz
um complexo de pontas que convencionalmente contém três ondas. A primeira
deflexão para baixo denomina-se “Q”; a primeira para cima, de grande amplitude,
“R” ; e a segunda para baixo, “S”.
Segmento
“ST”- Este intervalo compreende o período entre o término da estimulação
(despolarização) e o início da recuperação (repolarização) dos músculos
ventriculares.
Onda “T” – Esta
onda representa a maior parte da fase de recuperação ventricular após uma
contração.
Onda “U”- Segue
a onda “T” , não sendo, sempre visível.
+ Ritmo
Sinusal (ou ritmo normal) –Quando o coração se ativa normalmente, o ritmo
se denomina “sinusal”, porque cada batimento começa com uma descarga elétrica a
partir do nódulo sinusal. Todos os complexos QRST são idênticos em uma dada
derivação. O intervalo PR é normal e não se altera entre um batimento e outro.
A freqüência cardíaca oscila entre 70 a 110 bpm, porém, pode variar com o
movimento, dor ou emoção, ou por arritmias sinusal.
Finalidades:
-
Meio de diagnóstico;
-
Acompanhamento da evolução clínica;
-
Avaliação do efeito de drogas.
+ Preparo
do Paciente
Para obtenção
de um bom ECG, com sinais claros e livres de interferências, é necessário que a
resistência de contato entre os eletrodos e a pele do paciente seja tão baixa
quanto possível, para isso, alguns cuidados devem ser tomados:
-
Utilizar sempre eletrodos limpos, sem incrustações ou
oxidação e desengordurados.
-
Para limpá-los utilizar álcool ou benzina;
-
Evitar a colocação dos eletrodos sobre áreas
musculares, para que não haja interferência eletromiográfica no traçado;
-
Eliminar a oleosidade da pele no local de aplicação do
eletrodo com um algodão embebido em
álcool;
-
Se necessário, raspar os pêlos no local de aplicação do
eletrodo precordial;
-
Prender os eletrodos aplicando uma pequena camada de
pasta condutora ou colocando entre o eletrodo e a pele um pequeno chumaço de
algodão embebido em líquido para ECG ou álcool ou água, para aumentar a condutividade
elétrica da pele, pois a pele é um péssimo condutor de eletricidade;
-
O aparelho deve estar adequadamente “aterrado”, com o
fio terra ligado a algum objeto de metal não isolado;
-
A temperatura do ambiente onde o exame está sendo
realizado deve ser agradável. Um ambiente frio fará com que apareçam tremores
musculares finos, muitas vezes invisíveis, mas são registrados no traçado;
-
Tranqüilizar o paciente de modo a ele ficar relaxado. É
comum o paciente que se submetem ao exame pela primeira vez, ter o temor de
levar choque elétrico;
-
Pedir ao paciente para que não se mexa e não fale
durante o período de registro do exame.
Ø Colocação
dos eletrodos
-
Membros
Os quatro
cabos dos membros fornecem as seis derivações designadas de D1, D2, D3, a VR, a
VL e a VF.
Conectar os
eletrodos ao cabo do paciente do aparelho, segundo o código de cores abaixo:
Amarelo – membro superior esquerdo LA
Verde – membro inferior esquerdo LL
Vermelho - membro superior direito RA
Preto - membro inferior direito RL
Azul - precordial (móvel) V
Para
facilitar a memorização, podemos dizer que as cores da bandeira brasileira
(verde e amarelo) ficam do lado esquerdo do coração, e que as cores da bandeira
do flamengo (Rio) ou Atlético (PR) ficam do lado direito.
Atualmente,
aparelhos mais modernos já trazem um diagrama com as indicações das cores e dos
locais de colocação dos eletrodos.
Habitualmente,
os eletrodos são colocados nos pulsos e nos tornozelos, embora possam ser
colocados em qualquer altura dos membros. Em paciente mutilado, com perda de um
ou mais membros, os eletrodos pode ser colocados nos cotos das amputações.
+
Precordiais
O cabo único
fornecerá as 6 derivações designadas de
V1, V2, V3,V4, V5 e V6, ou nos aparelhos que possuem 6 cabos, cada um deles
corresponde a uma derivação.
V1
– quarto espaço intercostal, junto á borda direita do externo.
V2
– quarto espaço intercostal na borda esquerda do externo.
V3
– espaço intermediário entre V2 e V4.
V4
– quinto espaço intercostal na linha média clavicular esquerda.
V5
- linha axilar anterior esquerda, ao
nível horizontal do V4.
V6
- linha média axilar esquerda, ao nível
horizontal do V4.
V4R – quinto
espaço intercostal na linha média clavicular (derivação não considerada
padrão).
Em virtude dos
vários modelos de aparelho para eletrocardiograma, não descrito a operação do
equipamento, sendo o mais conveniente para se chegar a esse aprendizado, o
contato direto e o manuseio diário com o mesmo.
PRESSÃO VENOSA CENTRAL
A Pressão Venosa Central (PVC) mede a pressão do
sangue na veia cava ao nível de seu ponto de entrada do átrio direito. Essa
pressão fornece informações relativas ao volume de sangue circulante, ao tônus
vascular, e até certo ponto, à função cardíaca. A pressão é medida em
centímetros de água. A variação normal é de 4 a 10 cm. Um aumento na PVC indica
redução da capacidade de contração do miocárdio, vasoconstrição ou aumento da
capacidade de contração do miocárdio, vasodilatação ou hipovolemia.
A PVC varia
com a expiração (aumenta) e com a inspiração (diminui) e depende do rendimento
cardíaco, do volume sangüíneo circulante e
do tônus vascular.
Ø Finalidades:
-
Servir de meio diagnóstico para condições clínicas de
desidratação e hiperhidratação:
-
Orientar a conduta médica.
Ø Materiais
básicos:
-
Nivelador;
-
Suporte de soro;
-
Soro glicosado 5% ou fisiológico 250 ml;
-
Equipo de PVC;
-
Fita adesiva (esparadrapo ou fita crepe);
-
Torneirinha.
Ø Montagem
do Sistema:
-
abrir a embalagem do equipo e retirar a fita graduada;
-
Prender a fita graduada no suporte de soro ao nível do
colchão;
-
Conectar o soro e encher o equipo, dependurar no
suporte;
-
Fixar a via do soro e a 3ª via junto à fita graduada;
-
Conectar a via do paciente.
Ø Mensuração:
-
Colocar o paciente em decúbito dorsal horizontal;
-
Retirar travesseiros, coxins etc., colocar os braços do
paciente ao longo do corpo (posição
anatômica);
-
Estabelecer o ponto zero da coluna graduada;
-
Colocar uma das extremidades do nivelador (ao nível do
externo ou médio axilar) e outra na coluna graduada;
-
Manter a bolha do nivelador no centro;
-
Desligar o soro medicamentoso e conectar somente o
circuito ao paciente. Fechar os demais soros, abrindo somente a via do equipo
da PVC;
-
Abrir a passagem do soro da PVC e proceder à leitura;
-
Caso o paciente esteja em respirador, desconectá-lo no
momento da leitura.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
DESEQUILIBRIO ÁCIDO-BÁSICO
É a concentração de íons de hidrogênio (H+), que determina se a solução é ácida, básica ou neutra. A escala
de pH mede a quantidade de acidez ou alcalinidade de fluídos. Numa escala de 1
a 14, um pH de 7 é neutro. Qualquer nível abaixo de 7 é considerado ácido; e
acima 7 é considerada alcalina. O pH normal do fluído extracelular varia de
7,35 a 7, 45, sendo, considerada conseqüentemente, levemente alcalino. A
variação normal que dará apoio à vida de 6.8 a 7.8.
Ø Acidose
Metabólica – Pode resultar tanto do acúmulo de muitos subprodutos ácidos do
metabolismo quanto da perda do bicarbonato. Processos metabólicos anormais
como: diabetes, a insuficiência ou deficiência renal e o choque produzem
acidose metabólica através do acúmulo de ácidos no corpo. A perda de
bicarbonato em excesso se dá na insuficiência renal, diarréia grave, através
das ileostomia, fístulas intestinais ou biliares e outros estados críticos.
Os sinais de
acidose metabólica incluem hiperventilação, fraqueza, desorientação, diarréia e
entorpecimento que leva ao estupor e coma. Qualquer estado de acidose deprime o
sistema nervoso central. Os pulmões tentam compensar o estado de acidose,
aumentando o ritmo e a produtividade da respiração, o que reduzirá a quantidade
de ácido carbônico no sistema. Este tipo de respiração é conhecido com respiração
de Kussmaul.
Ø Alcalose
respiratória – É causada, basicamente, por hiperventilação, que pode ser
conseqüência de estados de ansiedade, febre e falta de O2. Algumas drogas podem
estimular o centro respiratório e ocasionar a hiperventilação.
Os sintomas
comuns incluem dor de cabeça, tontura, parestesia, formigamento das pontas dos
dedos e ao redor da boca e tetania, e acham-se relacionados com o aumento da
irritabilidade neuromuscular.
Ø Acidose
respiratória – É causada por
qualquer condição que interfira na liberação normal de dióxido de carbono dos
pulmões. Enfisema, bronquite, pneumonia e asma são condições que interferem no
transporte normal de gases através da membrana pulmonar. Sedativos, narcóticos
(morfina) ou trauma cerebral podem afetar o centro respiratório na medula,de
modo a interferir na respiração.
Os pacientes
tornam-se fracos, inquietos e desorientados. A freqüência do pulso aumenta e
podem ocorrer arritmias. A cianose pode ser um sinal posterior. A acidose
respiratória grave pode constituir uma emergência, que envolve a melhora da
ventilação e poderá ser necessária a instalação de ventilação mecânica.
5.7. Valores Normais da
Gasometria
-
pH - 7, 35 a
7,45
-
pCO2 – 35 a 45 mmHg
-
pO2 - 80 a 100
mmHg
-
HCO3 – 22 a 26 mEq/1
-
BE -
aproximadamente 2 mEq/1
5.8. Assistência de Enfermagem
no Desequilíbrio Hídrico Eletrolítico
-
Monitorar a administração de fluidos, oral e IV.
Monitorar sinais vitais.
-
Administrar O2 quando recomendado.
-
Monitorar estado neurológico e nível de consciência.
-
Administrar medicamentos conforme à recomendação
médica.
-
Tranqüilizar o paciente. Manter ambiente calmo.
domingo, 17 de março de 2013
A Percepção do Paciente Transplantado Renal Acerca do Stress Associado ao seu Tratamento.
Trabalho de conclusão de curso apresentado para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem em 2009.
*Leandro. T.A
_________________________________________________________________________________* Toni Anderson Leandro - Enfermeiro com especialização em Enfermagem e Terapia Intensiva e MBE em Gestão Hospitalar.
*Leandro. T.A
_________________________________________________________________________________* Toni Anderson Leandro - Enfermeiro com especialização em Enfermagem e Terapia Intensiva e MBE em Gestão Hospitalar.
Esta pesquisa seguiu como estudo o paciente transplantado renal,
por apresentar uma série de fatores que contribuem para desenvolver estresse
bem como desenvolvem uma particularidade especial na adaptação e a quebra de
sua rotina para que estejam inseridos em seu tratamento de forma eficaz e
garantir sua sobrevida
A
necessidade de discorrer sobre o tema provém dos vários estudos direcionados a
orientação e prevenção do estresse bem como, as mudanças relacionadas com a
forma de adaptação vivenciada por esses pacientes que perdurarão durante a vida
enquanto tratamento após o transplante. O objetivo geral foi
identificar a percepção em que o paciente transplantado renal havia sobre o
estresse, bem como a prevalência desses fatores em sua rotina após o
transplante renal, e os objetivos específicos foi conhecer a percepção dos
pacientes transplantado renal a cerca do estresse, e entender as estratégias
utilizadas por esses pacientes para o controle do estresse. Para isso
considerou-se algumas hipóteses antes de desenvolvermos o estudo como:
será que os transplantados encontram-se
numa fase de exaustão decorrente do tratamento intermitente, que pode produzir
significativas limitações em sua vida ou então os transplantados não reconhecem a fase de
estresse apresentado, uma vez que as implicações relacionadas ao tratamento não
impactam a vida dos pacientes, e talvez, o medo de uma possível rejeição
aumenta a preocupação do transplantado; o que gera situações de estresse
constante, refletindo-se em toda sua vida.
A
mudança do padrão de vida e as adaptações necessárias geram fatores
estressores, uma vez que são mudanças muito significativas inda percebemos que
a modificação da imagem corporal
contribui para diminuir a auto-estima; uma vez que vivenciam modificações
importantes que impactam fortemente suas vidas.
O
estudo contou com a participação de cinco (5) sujeitos de pesquisa, que foram
pacientes transplantados na região da AMESC (Associação dos Municípios do
Extremo Sul Catarinense), foram realizadas visitas domiciliares durante o
período entre 10/10/2008 á 21/10/2008 com pacientes transplantados renais entre
20 e 70 anos de ambos os sexos, onde após a aplicação de uma entrevista
semi-estruturada os entrevistados discorriam das perguntas de acordo com seus
conhecimentos e suas vivencias.
Ao
termino, percebe-se que os pacientes transplantados conhecem os fatores que
estão em maior evidencia e que contribuem para gerar o estresse, e que da mesma
forma que conhecem esses fatores, buscam alternativas para aliviar a tensão e
lidar com o tratamento após o transplante de maneira mais fácil, evitando
fatores que sejam estressores, e buscando alternativas para manter um nível de
qualidade de vida ou seja esse fatores não impactam a sua vida de maneira
significativa nesse momento após o transplante.
Palavra chave: Renal Crônico. Percepção de Estresse; Transplantado
renal.
Os pacientes acometidos com Insuficiência Renal
Crônica têm como opção de tratamento a diálise, que atualmente é a forma mais
eficaz de normalizar os níveis séricos e fazer a função renal que está
comprometida. Outra forma como tratamento é o transplante renal que cresce
segundo as pesquisas a cada ano, como busca pela qualidade de vida pelos
pacientes acometidos pela doença.
Segundo Smeltzer e Bare (2002 p, 1108), Os pacientes
escolhem o transplante renal como desejo de evitar a diálise ou de melhorar sua
sensação de bem-estar e o desejo de levar uma melhor qualidade de vida.
O transplante renal é uma terapêutica amplamente
aceita e utilizada com sucesso por portadores de insuficiência renal crônica.
No Brasil, um grande numero de pacientes portadores de insuficiência renal
crônica são mantidos em programas de diálises porém a falta de doadores bem
como a s burocracias que ainda são exigidas para o transplante impedem que seja
realizados um maior numero de transplante o que poderia diminuir as filas de
espera bem como aumentar a esperança e a sobrevida de muitos desses pacientes.
Realizado com sucesso e de acordo com os avanços
tecnológicos e aos estudos direcionados, o transplante renal oferece ao
portador de insuficiência renal crônica a oportunidade de recuperar
parcialmente a função renal e manter-se bem, com grandes melhorias da qualidade
de vida. Porém ao lado desses benefícios o transplante renal não está isento de
intercorrências. Os problemas cirúrgicos envolvendo a remoção e a transferência
do rim doador para o receptor estão resolvidos, entretanto, problemas
relacionados ao estabelecimento e a manutenção da função do órgão transplantado,
bem como as potenciais complicações com a imunossupressão ainda estão para ser
melhor estudados.
REVISÃO DE LITERATURA
Somos capazes de realizar atividades e assim temos
necessidades pelas quais desenvolvemos de acordo com os costumes ou hábitos que
são realizados diariamente nas mais diferentes atividades possíveis. Porém
essas atividades quando realizadas de forma prazerosa trazem satisfação e bem
estar ao indivíduo, de outra forma, as atividades que requerem mudanças
radicais ou sobrecarga de atenção, podem gerar distúrbios, sejam de
comportamento, ou de mudanças nas atividades físicas. Dentre todas as
atividades que são realizadas podemos classificar como as de atividades
profissionais, aquela que requer uma maior atenção e que, detém a maior parte
do tempo, pois requer maior disponibilidade do individuo. Essas atividades
profissionais estão elencadas nas mais variadas possíveis, por isso de forma
diferente, requer uma disponibilidade maior do individuo para a sua realização.
ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL
Os rins pareados são órgãos avermelhados em forma de
grão de feijão. Eles se situam logo acima da cintura, contra a parede posterior
da cavidade abdominal. Uma vez que estão fora do revestimento peritoneal da
cavidade abdominal, sua posição é descrita como retroperitoneal (retro =
átraz), outras estruturas retroperitoneal são os ureteres e as glândulas
supra-renais. Os rins são parcialmente protegidos pelo décimo primeiro e décimo
segundo pares de costelas, e o rim direito é levemente inferior ao esquerdo,
pois o fígado ocupa uma área maior ao lado direito. Tortora (2000, p 488.)
Excretam água, impurezas nitrogenadas do catabolismo
das proteínas, algumas toxinas bacterianas, H+ e sais inorgânicos
(eletrólitos), mais algum calor e dióxido de carbono.( Tortora 2000, P, 487)
Anatomia Externa
O rim adulto médio tem cerca de 10 a 12 cm de comprimento, 5,0 a 7,5 cm de largura e 2,5 cm de espessura. Próxima
ao centro da margem medial côncava, há uma depressão denominada hilo renal,
através do qual o ureter deixa o rim, e os vasos sanguíneos e linfáticos entram
e saem. Cada rim está recoberto por uma cápsula fibrosa, uma membrana lisa,
transparente e fibrosa que serve como uma barreira contra trauma e infecções.
Uma massa de tecido adiposo (cápsula adiposa) circunda a cápsula renal e
protege o rim e, junto com uma camada fina de tecido conjuntivo denso
irregular, ancora o rim à parede do abdome posterior. Tortora (2000 p, 489).
Anatomia Interna
A parte externa do rim, de aspecto granular, é uma
área avermelhada denominada córtex renal (córtex = casca) e parte interna estriada
(listrada) é uma região marrom-avermelhada denominada medula renal (medula =
porção interna). Dentro da medula renal , há 8 a 18 estruturas triangulares
estriadas, as pirâmides renais. As estrias são túbulos retos e casos
sanguíneos. As bases das pirâmides renais estão voltadas para o córtex renal, e
a suas pontas, denominadas papilas renais, estão voltadas para o centro do rim.
O córtex renal estende-se nas áreas entre as pirâmides renais para formar as
colunas renais. Tortora (2000 p, 489)
INSUFICIÊNCIA RENAL
A insuficiência renal caracteriza-se por um distúrbio
dos rins, a partir do momento em que ele não realiza sua função e torna-se
incapaz de remover os produtos de degradação metabólica do organismo, e se
torna ineficaz na sua função reguladora. (BARE E SMELTEZER 2002)
Os indicadores mais utilizados para a insuficiência
renal são uréia sanguínea e creatinina sérica, o termo uremia significa urina
no sangue , indicando que certas substâncias (como a uréia), normalmente
excretadas na urina,são retidas na circulação. (RIELLA 1996).
Diversos distúrbios estão associados com a doença
renal, ou seja, pode ser gerada de um processo infeccioso como as
pielonefrites, ou glomerulonefrite, hipoplasia congênita, ou de processos
secundários como, diabetes méllitus ou lúpus eritematoso. As alterações fisiológicas
que estão associadas á desidratação, infecção ou hipertensão, acabam
descompensado os pacientes colocando em situação limítrofes em uremia crônica
descompensada. .(MACANINCH E TANAGHO 2007).
Em geral a insuficiência renal crônica, é o resultado
final da perda progressiva e gradativa da função renal, em alguns casos, isso
também pode ser devido a uma doença rapidamente progressiva de início súbito.
Souza e Cosendey (2004 p, 594).
Uma deteriorização progressiva e irreversível da
função renal não exercendo mais sua capacidade de manter o equilíbrio
metabólico e hidroeletrolítico, resultando em uma retenção de uréia e outros produtos
de degradação no sangue. (BARE E SMELTZER 2002).
Dessa forma, uma série de disfunções acometem todos os
sistemas, uma vez que toda circulação sanguínea passa pelos rins que exerce sua
função reguladora e excretora para manter a homeostase.
TRANSPLANTE RENAL
Aspectos Éticos e Legais para
Transplante no Brasil
O
primeiro transplante renal intervivos não consangüíneo, foi realizado em 1971
no hospital Sírio Libanês em
São Paulo , e foi a doadora a esposa e o receptor o marido. A
lei nO 9.434 de 4 de fevereiro de 1997, amplia os critérios da
doação em vida, permitindo a qualquer pessoa juridicamente capaz doar um dos
seus órgãos desde que não comprometa a saúde do doador e essa doação seja de
forma gratuita. A ampliação dessa lei, visa beneficiar todas as classes social,
diminuindo a possibilidade de pessoas que tem uma classe social favorável, em
um momento de desespero, oferecer dinheiro para conseguir um doador. (GARCIA
2006).
O Sistema Nacional de Transplantes desde sua criação
(1997) tem como prioridade, evidenciar com transparência todas as suas ações no
campo da política de doação-transplante, visando primordialmente a
confiabilidade do Sistema e a assistência de qualidade ao cidadão brasileiro. O
Brasil possui hoje um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos
e tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1.354 equipes médicas
autorizados pelo SNT a realizar transplante, o Sistema Nacional de Transplantes
está presente, através das Centrais Estaduais de Transplantes (CNCDO's), em 25
estados da federação, e em breve, todas as unidades da federação serão partes
funcionantes do sistema- (Ministério da saúde 2008).
O processo de transplante ainda é complexo, e deve
estabelecer procedimentos éticos e legais, bem como dever ser realizado com
apropriado suporte legal, portanto cada pais, promulga leis de transplante
pelas quais definem uma posição diferenciada aos aspectos legais que possam
estar interferindo nesse procedimento.
O AUTO CUIDADO E A PROMOÇAO NA QUALIDADE
DE VIDA
Conforme podemos observar nos capítulos citados acima,
são vários os fatores que influenciam na qualidade de vida, porém para que esta
seja evidenciada pelos indivíduos de maneira eficaz, depende da aceitação e
adesão do individuo nesse processo, pois sua capacidade de inovar e buscar
ambientes e saídas para não vivenciar situações exaustivas vai muito além de
procedimentos médicos, mas sim da sua capacidade própria em perceber e querer
mudar essa situação.
Para Torres, Davim e Nóbrega (1999, p. 48-49), a
teoria do autocuidado de Orem tem como premissa básica a crença de que o ser
humano tem habilidades próprias para promover o cuidado de si mesmo ou buscar o
cuidado profissional quando estiver incapacitado de cuidar-se, pela falta de
saúde.
Autores relatam que o
auto-cuidado é a capacidade do individuo em realizar as ações necessárias para
manter uma qualidade de vida, realizar a manutenção de sua saúde e bem estar
bem como a habilidade em que o individuo possui para manter tal situação
(Leopardi 2006)
A Pesquisa
Essa foi uma pesquisa descritiva
porque procura interpretar e analisar as exposições verbais dos entrevistados,
procurando identificar a percepção dos mesmos em relação ao problema de
pesquisa, sendo que seu conhecimento acerca do assunto é de forma formal, e
suas características sendo respeitadas de acordo com suas expressões sobre o
assunto, uma vez que em nenhum momento exige-se conhecimento cientifico por
parte dos entrevistados e domínio do assunto para responder as questões de
estudo, sendo que logo após nas análises sãs questões serão relacionada-as a
literatura.
Nesse sentido, Mattar (1999, p.80) afirma que esse tipo
de pesquisa é particularmente útil quando se tem uma noção muito vaga do
problema de pesquisa e Triviños (1995, p.
110) diz que o estudo descritivo pretende descrever com exatidão os fatos e
fenômenos de determinada realidade. Ainda de acordo com Gil (1991, p. 45),
ela visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo
explícito ou a construir hipóteses, tendo como objetivo principal o aprimoramento
de idéias ou a descoberta de intuições. Fizeram parte,
pacientes transplantado renal da região da AMESC (Associação dos Municípios do
Extremo Sul Catarinense), com a faixa etária entre 20 e 70 anos, os mesmos
realizaram tratamento de hemodiálise na Clínica de Nefrologia de Araranguá, que
se situa em anexo ao Hospital Regional de Araranguá.
O contato telefônico ocorreu através das anotações
existentes em cada prontuário que estavam arquivados na Clinica de Nefrologia
de Araranguá, com o auxilio da enfermeira da clinica, em cada prontuário
existiam o tempo em que cada paciente realizou tratamento dialítico, e
informações pessoais de cada paciente. Durante o período em que se utilizou-se
das informações a enfermeira da clinica se fez presente desde o inicio até o
final da coleta de informações do prontuário. No momento em que se realizou o
primeiro contato, foi realizado uma apresentação pessoal, bem como a
caracterização do pesquisador e demonstrou-se o objetivo do estudo, procurou-se
usar a linguagem informal para uma maior compreensão por parte dos sujeitos da
pesquisa. A pesquisa realizada na área da saúde e envolvendo seres
humanos tem como finalidade promover as ciências humanas. Por este motivo será
respeitado o anonimato do pesquisados não tendo nome ou imagem que possa vir a
identificá-lo.
O projeto passou pelo comitê de ética da Universidade
do Extremo Sul Catarinense (UNESC) e após a aprovação, deu-se início na
pesquisa. Vale relatar que o desenvolvimento da pesquisa seguiu a resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde que dispõem sobre normas para pesquisas
com seres humanos.
Para isso, cada sujeito de pesquisa, foi informado
sobre o termo de consentimento livre e esclarecido, e juntamente com o
pesquisador orientado quando a desistência da participação a cada momento. Os
termos foram devidamente lidos e assinados pelos sujeitos de estudos.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Perfil dos pacientes transplantado.
Quadro
01 – Dados informativos dos sujeitos de pesquisa.
Sujeito
|
Sexo
|
Idade
|
Estado
civil
|
Profissão
|
Trabalha
|
Raça
|
T O1
|
M
|
43
|
Casado
|
Aposentado
|
Não
|
Branco
|
T 02
|
F
|
59
|
Casada
|
Pescadora
|
Afastada
|
Branco
|
T 03
|
M
|
62
|
Casado
|
Aposentado
|
Não
|
Branco
|
T 04
|
F
|
33
|
Solteira.
|
Agricultora
|
Sim
|
Branco
|
T 05
|
M
|
49
|
Casado
|
Agricultor
|
Afastado
|
Branco
|
Fonte:
pesquisa de campo 2008.
O que podemos relatar em observação no momento das
entrevistas é que alguns pacientes sentem falta da atividade profissional, e
mesmo afastado ainda procuram estar envolvidos com alguma coisa para não ficar
somente em seu domicilio.
T02 “mesmo afastada de minha profissão, eu procuro
sair de casa quando posso, caminhar pela beira mar, ver os pescadores puxando a
rede e sempre me da aquela vontade de pegar um caniço e pescar, sei que ainda é
cedo pra pensar nisso, mas logo em breve, estarei novamente no mar”
T03 “faço de tudo, claro que já estou aposentado, mas
se eu não me movimentar fico louco, não da pra ficar em casa só pensando em
doença”.
T04 “trabalho informalmente, pois a rotina de exames
ainda é grande, então não dá pra trabalhar num lugar fixo, até porque os
empregadores não querem ninguém que tenha que sair varias vezes no mês pra
fazer exames”.
O que podemos perceber, em relação ao sujeito (T04), é
uma ansiedade em relação a esse fator, uma vez que sua idade, ainda é uma idade
ativa para o desenvolvimento de suas atividades, embora trabalhando
informalmente, precisa se manter financeiramente e ainda tem planos para o
futuro pois cursa faculdade, e busca através deste emprego informal, seu
sustento. Podemos descrever a atividade profissional como um envolvimento do
individuo com o que lhe traz satisfação, pois através de suas atividades ele
desenvolve suas habilidades e constrói sua trajetória profissional, bem como
mantém um nível estável salarial, o que melhora a qualidade de vida desses
indivíduos.
A partir do momento em que essas atividades são
bloqueadas a esses sujeitos, eles devem recorrer a uma ajuda inesperada, a
familiares que sejam solidários, no caso dos sujeitos aposentados ainda
garantem um sustendo, mantendo a família equilibrada.
Quadro
02 – Dados informativos de tratamento dialítico e tempo de transplantado.
Sujeitos
|
Tempo hemodiálise
|
Tempo transplantado
|
T 01
|
7 anos
|
2 meses 11 dias
|
T 02
|
3 anos
3 meses
|
1 ano
|
T 03
|
2 anos
|
11 anos
|
T 04
|
7 anos
|
8 meses
|
T 05
|
8 anos 3 meses
|
10 meses
|
Fonte:
pesquisa de campo 2008
O tempo de espera entre os pacientes em tratamento
dialítico que se submetem a sessões de hemodiálise semanalmente, e que fizeram
parte deste estudo, podem variar, no quadro acima, podemos perceber que as
variáveis chegam de três (3) meses até oito (8) anos e três meses. Ou seja, nas
filas a espera de um transplante, não somente tem-se como fator primordial o
tempo de tratamento em hemodiálise, uma vez que para um transplante é
necessário todo processo e uma seria de condições clinicas que podem interferir
no transplante.
O fator doador também é o principal fator, tendo em
vista que para o transplante é necessário o doador vivo que precisa ser
compatível com o receptor ou o doador cadáver que após o diagnostico de morte
cerebral pode realizar essa doação.
T05 “fiquei oito anos na máquina esperando o
transplante, tive vários pensamentos, acabei transplantado e por azar voltei
pra máquina, mas mesmo assim ainda não perco a esperança”.
Nota-se que um dos maiores medos dos pacientes
transplantados é a rejeição e ter que voltar a fazer o tratamento de
hemodiálise novamente, e entrar a espera de um novo transplante, durante essa
pesquisa tivemos a oportunidade de entrevistar um dos sujeitos que teve uma
precisou retornar ao tratamento devido a trombose da veia renal, essa é uma das
complicações do pós-transplante conforme citado no referencial bibliográfico
nesse trabalho.
Essa condição expõe cada vez mais o paciente a fatores
que aumentam a incerteza e ansiedade, gerando fatores que muitas vezes não são
notáveis pelo paciente, mas são sentidos a cada momento de sua trajetória de tratamento.
Conhecimento do transplantado renal
sobre o estresse.
Ao discorrer sobre o entendimento em que os sujeitos
de pesquisa havia sobre o estresse, percebeu-se que a forma em expressar-se
estava reprimida, devido a tensão da pergunta, porém as respostas obtidas, eram
notáveis que partiram da vivencia e do cotidiano em que cada um sentiu em sua
trajetória enquanto paciente em tratamento dialítico e a espera de um
transplante.
T 01 “ pra mim o estresse é uma agitação, quando
alguém incomoda e quando tem uma influencia muito grande da família, a família
fica o tempo todo cobrando para se cuidar, se cuidar, como se eu que já sou
paciente e to em tratamento a muito tempo não soube-se disso”.
T02 “ eu não acredito em estresse, pra mim isso é
coisa de gente que não tem o que fazer, até me disseram que eu tinha isso no
inicio na minha doença mas eu não acreditei, porque se agente acredita, é pior
ainda”
T03 “ eu axo que é coisa da cabeça das pessoas, se a
cabeça é fraca a pessoa desenvolve tudo e não tem como enfrentar inclusive uma
doença!
T04 “ eu entendo que estresse é um nervosismo que não
se consegue controlar, tem situação que tu não se controla e acaba brigando com
todo mundo, já não quer mais saber de muita conversa”
T05 “estresse pra mim é uma negação da doença, é estar
sempre irritado nervoso, e começa por uma fraqueza”.
De um modo geral, todos têm um breve conhecimento
sobre o assunto, mesmo que negue a condição instalada de fatores geradores de
estresses, mas experimentam sensações e emoções diferenciadas em relação ao
mesmo.
A percepção do estresse em sua rotina.
Ao serem questionados sobre se em algum momento da
vida já sentiram estresses, poucos se sentiram firme em responder que nunca
sentiram estresse em momento algum, e que os fatores que poderia ser causadores
eram classificados como desafio em que cada um deve passar, mas uns estão bem
mais preparados que outros.
Em razão disso, provam que o tratamento se torna
melhor de acordo com o que eles acabam enfrentando, pois uma capacidade maior
de enfrentamento se torna mais eficaz no tratamento, eles atribuem isso a não
existência de estresse na suas vidas.
Outros já classificam que alguns fatores já fizeram
parte de sua rotina, porém mesmo sentido
todos os sintomas é difícil classificar que se esta com estresse.
T01 “ durante o tempo em que eu fazia hemodiálise ficava preocupado com o filho em casa, e
depois que eu fiz o transplante no primeiros dias, fiquei agitado da cirurgia,
a família não saia de perto, o tempo todo, e eu queria ficar um pouco sozinho
pra descansar”
T4 “ tive momentos de ficar muito nervosa na
hemodiálise, de me sentir muito irritada com o motorista que levava a vida toda
pra vir me buscar pras sessões e depois quando acabava era outro trabalho pra
voltar embora, isso me irritava muito, tivemos varias discussões eu e o
motorista, por final eu já pegava a minha moto e ia sozinha mesmo”
T02 “ no começo da hemodiálise custei a aceitar o
tratamento, pensei que não ia mais ter cura, que nada mais ia fazer efeito,
nessa mesma época meu filho mais velho foi embora para os Estados Unidos, então
foi pior ainda, demorei muito pra cair na real, as pessoas vinham me dizer:
olha tu tens que se tratar tu tais com estresse, mas eu não acreditava não”
Problemas físicos ou psicológicos
Dentre os participantes do estudo, dos cinco, quatro
nunca tiveram nenhum problema físico ou psicológicos na vida, porém um relatou
problemas.
T01 “ tenho muita dor na barriga, ainda não consigo
viajar, tive problema de próstata após o transplante, o medico me explicou
porque meu rim não funcionava mais e não produzia urina e quando começou a
produzir novamente deu inflamação, então tive que passar por outra cirurgia
fiquei um tempão de sonda, e ainda sinto muita dor de cabeça”.
Embora negando a presença de problemas físicos, T05
relata ainda que após o transplante “ ficou herniado” e isso dificulta na
realização das tarefas.
Podemos perceber que apesar desses dois relatos, os
demais pacientes não sofreram nenhum tipo de problemas pelos quais os mesmos
afirmam, e mesmo em situações em que classificamos como extremos de sentimentos,
os transplantados não classificam como problemas psicológicos e sim como
fatores que naquele momento surgiu em sua vida, o nervosismo, a sensação de
irritação para eles são fatos momentâneos e não serviram como problemas de
tratamento.
Já relacionado a problemas físicos, percebe-se que o
que fica mais evidente é o que causa alguma impossibilidade, o cansaço a
fadiga, e falta de disposição experimentada por esses pacientes transplantados,
são vivenciados o tempo todo por esses sujeitos, inclusive reconhecido pelos
mesmos, porém em nenhum momento eles classificam isso como sentimento de
impossibilidade ou como problemas físicos.
O maior estresse enquanto realizava a hemodiálise.
O tratamento de diálise, afasta o paciente de seu
convívio social, uma vez que eles submetem-se a sessões que duram quatro horas,
desta forma o afastamento destes indivíduos afeta o psicológico causando
impaciência e irritação aos mesmos.
Fatores clínicos onde os efeitos da reposição de
eletrólitos e a medicação utilizada durante a sessão de hemodiálise reagem de
forma inesperadas a esses pacientes, que julgam transtornos durante a
realização dessas sessões.
T01 “ tinha uma coceira no corpo na hora em que eu
tava na máquina, em casa não conseguia dormir acabava tomando remédio e por fim
os remédios já não faziam mais efeito “.
Percebe-se que através desse relato, a insatisfação em
relação ao uso da maquina e a reação que as reposições de eletrólitos causavam
durante o tratamento dialítico do T01, para o mesmo, era extremamente irritante
entrar na maquina só em imaginar que logo após as sensações de coceira estavam
pra começar.
Quando aos relatos PIETROVISKI E DALL AGNOL (2006) nos
reforça dizendo: o que é visto pela equipe de saúde como boa estrutura e
ambiente adequado, não é percebido da mesma forma pelos usuários do serviço.
Nem sempre o que é preconizado e instituído formalmente, visando contemplar
normas de qualidade, atende às reais necessidades dos clientes e, muitas vezes,
os usuários colocam-se em posição de subordinação diante dos profissionais,
pois deles depende seu tratamento e, com receio de que este seja comprometido,
acabam calando-se diante de certos desconfortos.
T03 “ a reação da máquina, e dores físicas e
musculares”,. Porém se observa que é um sentimento em conjunto o fator de ter
que permanecer na máquina durante o tratamento e não suportar os efeitos
coletarais.
T05 “ agüentar as quatro horas de sessão na máquina,
isso deixa qualquer um louco”
T04 “ esperar o carro antes e depois da hemodiálise”.
Nesse outro relato, percebemos a insatisfação em
esperar o transporte que conduz os pacientes ao tratamento de diálise, esse
transporte é oferecido pela prefeitura municipal aos pacientes e não tem custo
algum, mas e necessário uma espera devido ao grande numero de pacientes que
dependem desse transporte, uma vez que não é exclusivo a somente um paciente.
As dificuldades encontradas como hoje
como transplantado
Nas mais diferentes situações, cada individuo reage
diferente, mesmo que as situações sejam as mesmas, mas a forma de enfrentamento
é diferente. Ao discorrer sobre as dificuldades encontrados hoje como
transplantados, percebe-se que em muitos momentos da entrevistas os pacientes
que já realizaram transplante a um tempo maior já não sentem tanta dificuldade,
uma vez que a adaptação se tornou necessária.
T05 “ custei a me recuperar da cirurgia do
transplante, fiquei herniado e tive trombose da veia renal e acabei voltando
pra máquina pra dialisar novamente”.
Em algumas situações específicas, a diálise e o
transplante renal são complementares. A diálise serve de terapia de suporte na
fase inicial do tratamento e preparo para o transplante, podendo ser ainda
posteriormente utilizada em caso de rejeição aguda ou crônica do órgão
transplantado (Riella, 1998).
Nesse relato, T05 expressa a dificuldade em
recuperar-se a decepção em não conseguir um efeito eficaz em seu transplante
ate porque a longa permanência na lista de espera, é algo angustiante e que
alimenta a desesperança mesmo com pensamentos positivos.
Dificuldades enfrentada quando realizava
hemodiálise.
Cada paciente por ter uma particularidade especial,
encara a forma de tratamento de acordo com suas expectativas e sua capacidade
de enfrentamento, para isso, a forma de lidar com as dificuldades encontradas
durante o tratamento, são varias porem em algumas situações quando fogem de seu
controle como no caso de dificuldades encontradas no momento em que se
encontram na máquina, esses pacientes acabam ficando sem muitas alternativas, e
com sentimentos de impossibilidade.
T01 “ ir pra máquina, ser furado com aquela agulha, e
ficava preocupado com o filho que não tinha com quem deixar”
T05 “ enjôo, cãibras, e ficar na máquina as quatro
horas”.
T03 “ a falta de água, sempre tomei muita água, então
quando fui proibido pra mim foi muito difícil”
Durante as sessões são vários os efeitos colaterais
causados pela reposição eletrolítica, e devido a isso, os pacientes sentem e
sofrem durante esse período.
T02 “ sair de casa, quando tinha que viajar, porque tinha
que ser feita as sessões de hemodiálises em outras clinicas fora da cidade”.
A saída do domicilio, é para eles uma dificuldade,
pois em cada viagem, deve-se antes manter um contato prévio com uma clinica de
nefrologia mais próxima do local onde o paciente vai viajar, nesse período em
que eles estão fora de casa, é necessário ainda, que o paciente mantenha o
ritmo de sessões necessárias para não interromper o tratamento e manter a
diálise, uma vez que em cada sessão que o paciente não realiza essas sessões
acabam acarretando em danos irreversíveis a ele.
T04 “ conciliar o trabalho e o tratamento”
Além de fatores associados ao tratamento, pacientes em
diálise têm outras fontes de estresse, como dificuldades profissionais e
redução da renda mensal, diminuição da capacidade ou do interesse sexual, medo
da morte, restrições dietéticas e híbridas, alterações na imagem corporal e
práticas específicas de higiene, tornando necessário o fornecimento de suporte
social e educacional como parte integrante do tratamento (Almeida &
Meleiro, 2000; Periz & Sanmartin, 1998).
A rotina após o transplante
Após o transplante, os pacientes experimentam diversos
momentos em sua vida os que realizaram a cirurgia a poucos meses, ainda
permanecem com uma rotina árdua de exames, impossibilidades de execução de
algumas tarefas, e as orientações clinicas referentes ao tratamento, onde
permanecem com visitas constantes aos centros especializado de transplante,
onde foi realizado o mesmo para acompanhamento.
Ao serem questionados quanto a sua rotina após o
transplante, os sujeitos classificam como uma rotina normal, mesmo que ainda
permaneçam em tratamento intenso, e classificam uma melhora significativa de
quando realizavam hemodiálise, pois diminui a tensão que antes havia sobre o
transplante que não chegava, e melhora qualidade de vida por manter um contato
familiar mais tranqüilo.
Embora o uso de medicamentos e a rotina de exames e
acompanhamentos ainda sejam freqüentes, a rotina do transplantados é
significativamente melhor.
T02 “ tenho uma vida normal limpo minha casa, faço meu
almoço, tenho tempo de ir ao jogo de futebol, vou na igreja, faço umas
caminhadas”
T03 “normal, como bem, durmo tranqüilo, tomo água como
eu gosto, não engordei nada, consegui manter meu peso, faço os exames de rotina
ainda em Porto Alegre ,
e gosto de ir fazer, me da satisfação”.
Nesses relatos podemos perceber que existe uma
felicidade quando as melhoras evidentes que o transplante renal proporciona.
Assim a qualidade de vida desses pacientes também aumenta, diminuindo os
agentes estressores que antes se tornava um fantasma anônimo, estavam presentes
mas os pacientes não percebiam, somente sentiam.
T01 “faço os exame de rotina, quando preciso me
deslocar para Florianópolis viajo tranqüilo, em casa não faço quase nada ainda,
cuido muito na alimentação”,
Em alguns casos de transplantes recentes, os pacientes
ainda experimentam a sensação de estar preso a controles diários e exames
periódicos como no caso de T01, que atribui ao transplante uma mellhora
considerável em sua vida, e as impossibilidades ainda imposta pelo transplante
recém não se classifica como algo que esta lhe trazendo prejuízo e sim uma
alegria.
T05 “ não faço muita coisa, levo uma vaca no pasto,
trato dos animais que tenho, e volto pra hemodiálise já que preciso novamente”.
Porem nesse relato acima podemos perceber, que as
limitações causadas por problemas físicos, e o retorno para a hemodiálise,
poderia parecer uma forma de sensação de fracasso para esse individuo, mas o
mesmo classifica isso como “coisas que acontecem” e afirma que antes do
transplantes já havia recebido informações que tudo o que poderia acontecer e
estava bem ciente disso tudo. E demonstra alegria em poder estar vivo e ter
força e coragem para enfrentar tudo novamente.
Forma de evitar o estresse.
Em todos os momentos, é necessário controle para se
manter uma vida saudável, eliminando atitudes possam acarretar em danos, que
podem desenvolver dores musculares ou psicológicos. É necessário conhecer-se
para que se tenha uma percepção de que algo não esta indo bem, pois a partir
dessa percepção, é que deve-se procurar formas e atitudes para mudanças.
Ao questionados quando as estratégias que podem ser
utilizadas para evitar o estresses, os indivíduos citam formas muitos
parecidas, embora em muitas situações não as usam como profilaxia do estresse.
T05 “ depende muito da cabeça de cada um, deve ser
evitado com pensamentos positivos e manter uma cabeça boa”
Quando estamos tensos, precisamos de alguns momentos
de descanso a fim de nos recuperarmos do stress do dia. Este relaxamento pode
ser em forma de exercícios de respiração profunda, yoga e relaxamento muscular.
Ouvir música, assistir filmes e um bom bate-papo ou leitura também nos fazem
relaxar. O relaxamento ajuda a eliminar o excesso de adrenalina produzida e
restabelece a homeostase interna do organismo. LIPP (1996)
T01 “o estresse pode ser evitado não se preocupando
com muitas coisas em vão”
T03 “ deve-se ter uma cabeça boa e não se preocupar
muito com o amanha e sim viver mais o hoje”.
É importante manter uma atitude positiva perante a
vida, procurando sempre ver o lado bom das coisas. Devem-se reservar alguns
momentos para reflexão sobre nossas prioridades, naquilo que queremos alcançar
de fato na vida. Muitas vezes, nos perdemos em detalhes sem importância,
deixando de lado coisas realmente relevantes. Controlar a pressa e a corrida
contra o relógio também é importante. Além disso, se recomenda que a pessoa
passe a curtir o processo do "ser" e do "existir" em si ao
invés de só se preocupar com o "fazer". É bom lembrar que não se pode
ser amado e admirado por todos. LIPP(1996)
T02 “ evita-se a partir de que você faça aquilo que
gosta, caminhar, ir ao mar, ir pescar, catar marisco na praia, assistir um jogo
de futebol, coisas simples que te dão prazer”
T04 “ deve-se
distrair, ouvir musicas, refletir e sobretudo ter calma”.
Por qualidade de vida entendemos o viver que é bom e
compensador em pelo menos quatro áreas: social, afetiva, profissional e a que
se refere à saúde. Para se considerar que uma pessoa tenha uma boa qualidade de
vida, torna-se necessário que ela tenha sucesso em todos esses quadrantes. Não
adianta você ter muito sucesso só na carreira ou na área social e não ter nas
demais áreas. O viver bem se refere a ter uma vida bem equilibrada em todas as
áreas. LIPP (1996)
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Miguel Carlos, Principios De Nefrologia
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